Qual é a verdadeira relação entre o investimento em TI e os reais ganhos alcançados com sua implantação? Este é um tema que tem gerado boa polêmica no meio empresarial, especialmente na área da saúde. Alguns acreditam que a TI é a solução ideal para organizar processos e serviços de uma organização; por outro lado acredita-se que a TI é apenas uma ferramenta. Outra questão levantada é: como justificar os altos custos de investimento em TI, visto que esta não é uma “área fim” da empresa e muitas vezes é difícil de mensurar os benefícios gerados?

É fato que a tecnologia da informação modificou a realidade de trabalho nas empresas em todos os setores da economia, mas a dúvida sobre qual o real retorno do investimento gerado pela TI ainda persiste na cabeça de vários gestores. Muito dessa dúvida deve-se ao fato dos benefícios trazidos pela informatização de uma empresa ocorrerem em um nível de processos de negócio que são, na grande maioria dos casos, negligenciados. Para muitos especialistas, o principal benefício da área de TI é a transformação na maneira como as atividades podem ser executadas nas empresas, e não a tecnologia em si.

Mensurar os resultados fornecidos pela informatização de um negócio (e aqui me refiro mais precisamente a implantação de um software de gestão em uma organização de saúde, como um consultório, clínica, policlínica e hospital) é uma tarefa bastante imprecisa. Alguns estudos apontam que a melhor maneira de mensurar é através da produtividade, do valor gerado ao consumidor (paciente) e das melhorias no desempenho do negócio. No entanto, percebe-se que muitos dos investimentos feitos em TI, ao invés de terem como base um desses indicadores, são na realidade apenas uma reação aos concorrentes ou têm como base o feeling do gestor.

A dificuldade em analisar os benefícios gerados em produtividade se deve mais às deficiências de mensuração do que propriamente à falta de gestão. Essa falta de indicadores para mensuração ocorre pelo fato de que muitos dos benefícios são intangíveis, como por exemplo: qualidade, eficiência, eficácia, integração de processos da empresa, descentralização das tomadas de decisões, disseminação da informação, agilidade, compreensão e melhora no relacionamento com clientes e fornecedores. Outra justificativa para a não realização de entregas tangíveis pela TI baseia-se na ideia de que sua utilização somente será produtiva se houver uma reestruturação do trabalho permitido pela nova tecnologia, ou seja readequação de processos e pessoas.

O real valor da TI.

Quando falamos em orçamento, temos em mente entradas e saídas de dinheiro, sendo que, em geral, considera-se bom tudo aquilo que for entrada (receita) e ruim tudo o que for saída (gasto). Esta análise, contudo, não leva em consideração o fato de que alguns gastos, mesmo que pressionando o seu orçamento, na verdade são positivos, pois podem levar a ganhos futuros. Neste ponto é importante diferenciar dois tipos de gastos. Gastos ou despesas correntes estão associados a saídas que ocorrem com alta frequência em que os benefícios são imediatos e de vida curta. Investimentos são gastos menos frequentes, cujos benefícios estão associados a estratégia da organização e podem ser visualizados em médio/ longo prazo. O que se nota é que especialmente na área da saúde muitos gestores ainda enxergam a TI como gastos e não investimentos, e quando da necessidade de cortes no orçamento, a TI é sempre uma das principais áreas afetadas.

Para que os departamentos de TI modifiquem essa visão ainda arraigada em muitos gestores é necessária ampliar a visão sobre os resultados entregues, ou seja, expandir suas análises e entregas em termos financeiros e não-financeiros, e orientar e quantificar quais são os principais benefícios da atividade de TI.

Portanto, na próxima análise sobre os principais resultados gerados pela TI de sua organização, lembre-se que as empresas que tem investido em TI de forma inteligente, que controlam estes investimentos de maneira eficiente visando o máximo retorno, têm obtido os benefícios e recompensas que a tecnologia pode ofertar. No fundo o que realmente importa quando se trata de TI não é o quanto se gasta, mas sim o quão bem gerenciada é a TI de sua empresa.